Tema: Nada pode calar
um adorador
Introdução:
1Cr 15:17
Designaram, pois, os levitas a Hemã, filho de Joel; e dos seus irmãos, a
Asafe, filho de Berequias; e dos filhos de Merári, seus irmãos, a Etã, filho de
Cusaías;
1Cr 15:19
Assim os cantores Hemã, Asafe e Etã se faziam ouvir com címbalos de
bronze;
1Cr 16:5
Asafe, o chefe, e Zacarias, o segundo depois dele; Jeiel, Semiramote,
Jeiel, Matitias, Eliabe, Benaías, Obede-Edom e Jeiel, com alaúdes e com harpas;
e Asafe se fazia ouvir com címbalos;
1Cr 16:7
Foi nesse mesmo dia que Davi, pela primeira vez, ordenou que pelo
ministério de Asafe e de seus irmãos se dessem ações de graças ao Senhor,
nestes termos:
1Cr 16:37
Davi, pois, deixou ali, diante da arca do pacto do Senhor, Asafe e seus
irmãos, para ministrarem continuamente perante a arca, segundo a exigência de
cada dia.
Imagine-se com aproximadamente 60 anos
servindo ao Senhor Jesus Cristo e, de repente, perdendo a fé, perdendo a
esperança que Deus lhe deu. Se, um dia, você, depois de séria e profunda
reflexão, chegasse à conclusão de que toda a sua vida até àquele momento
poderia nada mais ter sido do que um terrível desperdício. Pois bem, foi
exatamente assim que Asafe se sentiu.
Asafe
foi um dos lideres dos levitas (cantores) de Israel. Sua idade devia oscilar
entre os 60 e os 70 anos quando escreveu o Salmo 73 e, por isso, as experiências
que ele narra nesse texto, em linguagem teológica filosófica e poética, se
revestem de profundo segnificado; elas são a junção de uma profunda experiência
humana como a inspiração do Espírito Santo retratando os fatos da alma.
Durante
toda a sua vida ele crera na bondade de Deus para com o seu povo, e
especialmente, para com os homens de coração puro: "Com efeito, Deus é bom para
com Israel, para com os de coração limpo," (v.1).
Subitamente,
ele começa a colocar em dúvida essa bondade de Deus. Apesar de ter crido na
justiça e misericórdia do Senhor durante toda a existência, houve um dia no
qual pressentiu estar pisando o limiar da apostasia. "Quanto a mim, porém, quase
me resvalaram os pés" (v.2).
Asafe
percebeu que seus pensamentos o estavam guiando a um caminho escorregadio. Na
realidade, ele descobriu que faltou pouco para que abandonasse a fé. A lição
que daí obtemos é a de que os homens mais firmes e ortodoxos desse mundo podem
passar por terríveis momentos de conflitos interiores, mas quando nossos
corações esta voltado pra Deus nos concervamos de coração puro mesmo vendo as
desigualdades que há em nosso meio.
O salmista
nos ensina ainda mais duas coisas: a primeira delas é não nos desesperarmos
quando, formos assolados por esse tipo de sentimento em relação à justiça e à
bondade de Deus no mundo presente. A outra é que devemos ser mais amorosos e
compreensivos com aqueles que, ao nosso lado, encontram-se na dúvida.
E é por isso
que eu gostaria de compartilhar com os irmão nesta noite a seguinte mensagem...
Tema:
Nada pode calar um adorador.
Frase
de Transição: O que devemos fazer quando
queremos nos calar...
- Identificar o que nos traz o problema (v3-16)
No verso 3, Asafe nos dá a razão da sua "quase
queda": "Pois eu invejava os
arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos."
Sempre que
um crente começa a cobiçar o estilo de vida de homens sem absolutos morais e
espirituais, ele acaba na mesma situação conflituosa de Asafe e a pergunta que,
normalmente, desencadeia tal processo de perturbação filosófica é a seguinte:
Por que aquele homem prospera apesar da sua maldade? ou: Por que Deus não
distribui as coisas equanimente manifestando assim a sua justiça no tempo
presente?
Vejamos
no verso 4 alguns dos motivos
específicos da pertubação de Asafe:
- "Porque não há aperto na sua morte, mas
firme esta sua força" (v.4).
Se fosse no presente século as questões de
Asafe provavelmente se desenvolveriam da seguinte maneira: "Por que alguns
conhecidos play-boys gozam de
perfeita saúde durante toda a vida ao passo que muitos homens de Deus estão
morrendo de câncer no auge do ministério sagrado?"
Quando
ocorre a morte de um servo de Deus podemos ouvir auguns céticos perguntarem: “
Que Deus bom é esse que deixa seu servo morrer desse jeito?”
Pois
bem esta questão também atordoava a mente de Asafe.
Por
outro lado, o salmista concluiu que os maus ganhavam a vida apenas na base do
emprego sem necessidade real de trabalho:
·
"Não partilham das canseiras dos mortais, nem
são afligidos como os outros homens" (v.5).
Podemo
ver essa situação numa outra perspectiva:
Talvez
alguém dentro de um ônibus superlotado que vê o magnata explorador passar no
seu "mercedão" em contraste com o
crente que tem de ir para o trabalho no sufoco de um trem ônibus ou
metrô, ou ainda um operário do ABC paulista, ou em qualquer outro lugar onde
haja homens de Deus que não usam Terno.
Asafe se
atordoou ainda com a constatação de que a vida dos perversos é normalmente um
sucesso. Não têm duplicatas vencidas, nem filhos com fome. Nenhum aperto
financeiro lhes impossibilita o gozo das férias: "Não são afligidos como os outros homens" (v.5b). Aliás, além
de serem economicamente tranqüilos, eles nem mesmo precisam lutar para ganhar
dinheiro pois "sempre tranqüilos,
aumentam suas riquezas" (v.12).
Outra
caracterisca dos homens maus e ao mesmo tempo prosperos é a violência. “: "A
violência os envolve como
manto (v.6b). 0 violento se veste de violência, ou seja, a violência é o
seu "manto", a sua proteção.
A glutonaria
também faz parte do caráter de tais pessoas. "Os olhos saltam-lhes da gordura" (v.7).
O texto,
evidentemente, não está dizendo que uma pessoa gorda não é de Deus mas faz uma
associação entre os ideais dos maus e a comida. Tudo quanto são e planejam
começa ou, pelo menos, acaba numa mesa farta. Nesses encontros, a comida, além
de ser assunto das conversas, ocupa boa parte do tempo. Seu modelo de vida
sempre vai do prato à boca. Sua filosofia não passa de "comamos e bebemos porque amanhã morreremos."
Mas há ainda
uma quarta característica que poderíamos chamar de fantasia. "Do coração brotam-lhes fantasias"
(v.7b) Esses homens sem Deus, normalmente, têm tudo quanto desejam e, por isso
inventam novas formas de pecar. São os ricos distantes de Deus que criam as
"novas fantasias" do pecado. Todas as perversões começam nos
palácios e mansões. As favelas se limitam a importar ou copiar esses
"novos modelos".
O verso 8
diz: "Motejam e falam maliciosamente".
A malícia no falar tão comum nas rodas dos arrogantes e escarnecedores
também marca o caráter deles. Há sempre um toque de maldade no que dizem e a
dubiedade faz parte do seu linguajar. A palavra motejar significa escarnecer,
criticar, censurar e lançar em rosto.
Pois bem,
essa também, muitas vezes é uma característica de um homem sem absolutos que
se torna "bem-sucedido".
Tais homens
ainda se alegram e se distraem com a maneira rude e opressora como
tratam os outros. "Da opressão falam
com altivez" (v.8).
A essa
altura da descrição do empresário sem critérios morais, ou do comerciante
ambicioso, ou do "gatão" filhinho de papai, sua mente já deve ter
sintonizado muitas imagens perfeitamente compatíveis com a descrição dos
caracteres acima. E o surpreendente é percebermos que, em muitas ocasiões, já
nos vimos invejando a posição dessas pessoas. Ao falar em inveja, acho justo
esclarecer o berço no qual ela nasce: a inveja é sempre uma manifestação de
admiração com insegurança. Se ela existe no coração do homem, antes de ter-se
degenerado no sentimento mesquinho que a caracteriza, houve um·a admiração que ameaçou sua segurança e, daí, surgiu a
inveja.
Mas a irreverência
também faz parte do caráter deles. O verso 9 diz: "Contra os céus desandam a boca".
Quando vejo as brincadeiras e piadas que alguns comediantes ricos e artistas
famosos fazem com o nome de Deus, só posso pensar que eles se contam entre
esses aos quais Asafe se referiu e dos quais invejou a prosperidade.
E, por
fim, podemos descubrir ainda neste salmo
uma referência ao gosto pela difamação.
"A sua língua percorre a terra"
(v.9b).
Em razão de
todo este luxo e prosperidade, o povo simples das ruas deduz que Deus não está
preocupado com as particularidades da vida moral dos homens, já que permite o
sucesso dos arrogantes.
"Por isso o seu
povo se volta para eles, e os tem por fonte de que bebe a largos sorvos. E diz:
Como sabe Deus? Acaso há conhecimento no Altíssimo?" (v. 10-11).
Ao
acreditar, por um momento, que Deus não se preocupa com a vida moral dos
homens, Asafe lamentou o tempo que tinha perdido, pois sua vida tinha sido
pura, digna e honesta até aquele dia. Pensou que todo o "esforço"
tinha sido em vão. Observemos o verso 13:
"Com efeito, inutilmente conservei puro o
coração e lavei as mãos na inocência."
Sua luta em
conservar puro o coração implicava em não pensar no pecado que o atraia, em
evitar olhar com cobiça para objetos cobiçáveis e fazer tudo para não sentir
prazer e gosto pela idéia do pecado.
Infelizmente, pensava Asafe, tudo tinha sido
inútil, pois Deus não estava preocupado com esse tipo de abstenção, já que
aqueles que praticam o mal não são impedidos por Deus de prosperar.
A despeito
de todas as suas dúvidas e conflitos, Asafe permaneceu calado. Não tinha
ninguém com quem desabafar suas angústias e perplexidades. Receava ser julgado
como cético e apóstata e tenta escandalizar os mais simples e ingênuos irmãos
da congregação que nunca tinham tido aquele tipo de questionamento:
"Se eu pensava em falar tais palavras, já aí
teria traído a geração dos teus filhos" (v. 15-16).
E é em meio a todas estas duvidas e
conflitos em que Asafe sofreu e que todos nos podemos também podemos sofrer que
veremos o próximo ensinamento dessa mensagem de hoje.
Frase
de Transição: O que devemos fazer quando
queremos nos calar...
- Entrar
no Santuário do Senhor (v17-24)
Asafe
estava preso à fé por "um fio". Todavia, não deixou de freqüentar o
templo. E foi numa das suas idas ao santuário de Deus que o seu ponto de vista
sobre a prosperidade dos maus mudou completamente. Observe atentamente os
versos 16 e 17:
"Em só refletir para compreender isso, achei
mui pesada tarefa para mim: até que entrei no santuário de Deus e atinei com o
fim deles."
Naquela
manhã, ao se dirigir para o Templo, não poderia imaginar que Deus o visitaria
dando-lhe um profundo espírito de discernimento. A palavra mais significativa
do verso 17 é "atinei". Está ligada à percepção, à capacidade de
vislumbre da existência e de suas verdadeiras leis e caminhos.
Vejamos o
que Asafe discerniu quando foi buscar a Deus no Templo:
Primeiramente
entendeu que Deus é soberano, e que coloca soberbos no caminho da queda e da
destruição repentinas:
"Tu certamente os pões em lugares escorregadios, e os
fazes cair na destruição. Como ficam de súbito assolados! Totalmente aniquilados
de terror!" (v. 18-19).
A vereda de um homem sem Deus é lodocenta e escorregadia.
Seus negócios, fama e glória estão construídos sobre bases "lisas".
Seus pés podem escorregar a qualquer momento.
Em
segundo lugar, Asafe captou a idéia de que a vida do soberbo é tão desprezível
e irreal diante de Deus quanto um sonho para quem acaba de acordar e diz:
"Foi somente um sonho". "Como
ao sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, ao despertar, desprezarás a
imagem deles" (v. 20).
Asafe
entendeu ainda que as conclusões a que chegou sobre a prosperidade dos maus não
passavam de raciocínios resultantes de uma atitude de amargura, pois o azedume
espiritual embota os sentidos e a percepção da alma:
"Quando o coração
se me amargou e as entranhas se me comoveram eu estava embrutecido e ignorante;
era como um irracional à tua presença" (v. 21-22).
Há três
palavras nesses versículos que bem explicam a confusão de Asafe: embrutecido,
ignorante e irracional.
Quando o
homem fica amargurado de inveja, seu espírito perde a sensibilidade e, por
isso, pode conduzi-lo a conclusões falsas. Por outro lado, a ignorância é a
total ausência de conhecimento do caminho e da vontade de Deus. A amargura
promovida pela inveja pode apagar todos os princípios de sabedoria e de
discernimento conquistados durante anos. Assim, é possível o homem se tornar
ignorante da vontade de Deus. E, finalmente, a palavra irracional que, no
hebraico é behemoth, equivale a ficar "sem comunhão
com Deus como um animal".
Frase de
transição: Por ultimo, o que
devemos saber quando queremos nos calar...
- Sabermos que temos um auxiliador (v23-28)
São trágicas as conseqüências imediatas de se sentir inveja
dos maus mas, graças a Deus, Asafe discerniu isso a tempo e entendeu que a
maior intervenção de Deus em sua vida esteve no fato de que, apesar de todas
as suas dúvidas e conflitos, o Senhor o segurou no caminho dos justos: "Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras
pela minha mão direita" (v.23).
Na
realidade, nenhuma intervenção de Deus pode ser mais forte e significativa do
que manter no caminho um crente divergente, duvidoso.
Asafe
compreendeu também que a verdadeira riqueza e prosperidade não é a dos
soberbos, mas daqueles que têm a Deus como sua herança: "Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em
quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração
desfalecem, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre"
(v. 25-26).
Estes versos
nos apresentam três maravilhosas perspectivas através das quais Deus deve ser
visto. Uma delas é que "Deus é único
no céu" (v. 25). Só os que podem concentrar toda a fé no Senhor é que
são verdadeiramente felizes. A vida eterna consiste nisso: "em conhecer ao Pai como o único Deus e a
Jesus Cristo como seu enviado" (João 17:3).
A segunda
perspectiva que o verso 25 nos indica é a seguinte: Deus deve ser o nosso maior
prazer na vida. Ele é Aquele em quem eu devo ter minha mais intensa
satisfação. Quem tem este sentimento em relação a Deus não olhará para os bens
materiais como a recompensa do viver.
E, por fim,
o verso 26 declara que Deus é a nossa herança perpétua. Quem tomou posse de
Deus como sua riqueza é que é o homem verdadeiramente próspero na vida.
Finalmente,
foi meditando no Templo que Asafe entendeu que a infidelidade provoca
afastamento de Deus e sofrerá a penalidade da destruição eterna: "Os que se afastam de ti, eis que perecem: tu
destrói todos os que são infiéis para contigo" (v. 27). Bom é que
todos saibamos que Deus é paciente e misericordioso com todos os que estão
querendo se calar, mas que não justificará a infidelidade daqueles que, tendo
estado no conflito, optaram pelo caminho dos maus e soberbos.
“Nada pode calar um adorador”...
Diante de
tudo isso, Asafe resolveu assumir posições bem definidas. A primeira delas foi
a de estar junto de Deus com prosperidade ou não: "Quanto ao mais, bom é estar junto a Deus" (v. 28a). E; a segunda,
a de refugiar-se em Deus sempre que fosse assolado por qualquer dúvida: "No Senhor Deus ponho o meu refúgio"
(v. 28b).
A grande
finalidade da pureza e da santidade dos crentes é não nos deixarmos levar pelo
pecado que os soberbos e maus, às vezes, infundem em nós, e é sermos para o louvor
da glória de Deus, "proclamando
todos os seus feitos" (v.28c).
Consideremos
que o maior "feito de Deus" é manter-nos de pé e salvos. Na
realidade, nossa salvação é uma das coisas "impossíveis para os homens e possíveis para Deus". (Mc 10:23
a 31).
Caso você
tenha ouvido esta mensagem tendo na alma a dor e angústia de Asafe, abra o coração
e a mente para as verdades por ele discernidas. Se você fizer isso, certamente
o Espírito Santo lhe trará sabedoria e discernimento para compreender qual é o
ponto de vista de Deus sobre questões semelhantes as de Asafe e que estão
perturbando a sua vida.
Conclusão:
Há muita gente vivendo o drama de Asafe. Nossas igrejas
estão cheias de pessoas conflitadas e, literalmente, suando frio as suas
dúvidas.
Como esses,
pode ser que você que está ouvindo esta mensagem se encontre na mesma situação:
não acredita que Deus dê atenção a coisas como pureza, moral, etc...,
entretanto, mantém-se calado para não escandalizar ninguém ou apenas pela questão
meramente romântica de viver no sério padrão que norteou durante muito tempo a
sociedade.
Concluindo
digo aos "Asafes contemporâneos" o seguinte: a grande manifestação de
Deus no tempo presente não é enriquecer o crente ou empobrecer o descrente,
mas é conservar no caminho que conduz ao verdadeiro e incorruptível tesouro pessoas
tão frágeis como eu e você.
Que Deus nos
ajude a não ambicionarmos a prosperidade dos maus, substituindo tal perspectiva
pelo saudável desejo de sermos fiéis a Deus no tempo presente a fim de
recebermos no céu a coroa da vida.
Esta situação não calou o servo de
Deus. Asafe percebeu que o rico
deposita a sua esperança, alegrias e sua riquezas; ele vive em um mundo de
sonhos, que existe somente em sua mente.
Não deixe
que as metas de sua vida sejam tão irreais de forma que você venha a acordar
tarde demais e perder de vista a realidade sobre Deus.
A felicidade
e a hesperança deve basear-se no Eterno, não em bens materiais. Como só Deus
conhece a verdade, devemos aproximarmos Dele, refugiarmos Nele tanto quanto
possivel.
Quando
ficamos confusos com os acontecimentos em nossas vidas, devemos lembrar de
olhar para os fatos a partir da perspectiva de Deus.
O Senhor aceita nossas perguntas e duvidas quando lhe pedimos
a resposta com um coração sincero.