A NOSSA UNIÃO COM CRISTO
Esta mensagem trata-se do conceito da união com Cristo. Todo aspecto do
relacionamento de Deus com os salvos está de certo modo ligado ao nosso
relacionamento com Cristo. Dos desígnios divinos na eternidade passada, antes
da criação do mundo, à nossa comunhão com Deus no céu na eternidade futura,
incluindo ainda cada aspecto do nosso relacionamento com Deus nesta vida — tudo
ocorreu e ocorre em união com Cristo.
A. Estamos em Cristo
A expressão “em Cristo” não tem um único sentido, mas é abrangente em varios
sentidos.
1.
No plano eterno de Deus.
Efésios 1.4 nos diz que Deus nos escolheu em
Cristo “antes da fundação do mundo”. Foi “nele” (em Cristo) que fomos
predestinados “para louvor da sua glória” (v. 1.11-12). Mais tarde ele “nos
salvou e nos chamou” por causa da “sua própria determinação” e por causa também
da graça que nos deu “em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos” (2Tm 1.9).
2. Durante a vida de Cristo
na terra.
Ao longo de toda a vida de Cristo na terra, desde o
momento do seu nascimento até a hora da sua ascensão ao céu, Deus nos concebeu
vivendo “em Cristo”. Ou seja, tudo o que Cristo fez como nosso representante,
Deus contou como sendo algo que também nós fizemos. É claro que os salvos não
estavam conscientemente presentes em Cristo, pois a maior parte deles nem
sequer existia ainda quando Cristo estava na terra. Antes, os crentes estavam
presentes em Cristo apenas nos pensamentos de Deus, que nos concebeu passando por tudo aquilo que Cristo passou, pois ele era o nosso
representante.
3. Durante a
nossa vida hoje.
Uma vez que nascemos e existimos como pessoas reais no
mundo, a nossa união com Cristo já não pode ser algo que exista só na mente
divina. É preciso também que sejamos levados a um relacionamento efetivo com
Cristo, por meio do qual os benefícios da salvação possam ser realizados em nós
pelo Espírito Santo. A riqueza da nossa vida atual em Cristo pode ser vista em
quatro perspectivas ligeiramente distintas:
a. Morrer e ressuscitar com Cristo. A morte, o
sepultamento e a ressurreição de Jesus agora exercem efeitos reais sobre nós.
“[Fostes] sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou
dentre os mortos” (Cl 2.12). Aqui as referências de Paulo ao batismo e à fé
sugerem que a nossa morte e ressurreição com Cristo ocorrem nesta vida mesmo,
no momento em que nos tornamos cristãos.
b. Nova vida em Cristo. Esses últimos versículos sugerem
uma segunda perspectiva do fato de existirmos “em Cristo”. Podemos pensar não
só na obra redentora que Cristo realizou no passado, mas também na sua vida
presente no céu, no fato de ele possuir todos os recursos espirituais de que
precisamos para viver a vida cristã. Como toda bênção espiritual foi
conquistada por ele e lhe pertence, o Novo Testamento diz que essas bênçãos
estão “nele”. Assim, só estão disponíveis para os que estão “em Cristo”, e se
estamos em Cristo, essas bênçãos são nossas.
c. Todos os nossos atos podem ser
realizados em Cristo. Tornar-se cristão é entrar na novidade do porvir e
sentir até certo ponto os novos poderes do reino de Deus afetando cada aspecto
da nossa vida. Estar “em
Cristo” é estar no novo reino regido por Cristo.
d. Um só corpo em Cristo. Não estamos simplesmente em Cristo como
pessoas isoladas. Como Cristo é o cabeça do corpo, que é a igreja (Ef 5.23),
todos os que estão em união com Cristo estão também ligados uns aos outros no
corpo de Cristo. Essa ligação nos faz “um só corpo em Cristo e membros uns dos
outros” (Rm 12.5; 1Co 10.17; 12.12-27). Assim, “se um membro sofre, todos sofrem
com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1Co 12.26). Nesse corpo de
Cristo desaparecem as antigas hostilidades, ruem as divisões pecaminosas entre
as pessoas, e os critérios terrenos de posição social não valem mais, pois “não pode haver judeu nem
grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um
em Cristo Jesus” (Gl 3.28; cf. Ef 2.13-22).
B.
Cristo está em nós
Jesus falou de um segundo tipo de relação quando
disse: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto” (Jo 15.5). Não só é verdade que
estamos em Cristo; ele também está em nós, para nos dar força para viver a vida
cristã. “Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim” (Gl 2.19-20). O fator que determina se alguém é cristão ou não é se Cristo
está nele (Rm 8.10; 2Co 13.5; Ap 3.20).
C.
Somos semelhantes a Cristo
Um terceiro aspecto da união com Cristo é a imitação dele. “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1). João
exorta: “Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como
ele andou” (1Jo 2.6). Portanto a união com Cristo implica a imitação de Cristo.
A nossa vida deve assim espelhar a vida dele, para que lhe rendamos honra em
tudo o que façamos (Fp 1.20).
D. Estamos com Cristo
1.
Comunhão pessoal com Cristo.
Cristo prometeu: “Onde estiverem dois ou três reunidos
em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20) e “Estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt
28.20). Convém lembrar novamente que, como o corpo humano de Jesus ascendeu ao
céu (Jo 16.7; 17.11; At 1.9-11), esses versículos falam necessariamente da sua
natureza divina presente
conosco. Porém é assim mesmo uma presença bastante pessoal, na qual cooperamos com Cristo (2Co 6.1), o conhecemos (Fp 3.8, 10), somos consolados por ele (2Ts 2.16-17), ensinados por ele (Mt 11.29) e vivemos toda a nossa vida na sua presença (2Co 2.10; 1Tm 5.21;
6.13-14; 2Tm 4.1). Tornar-se cristão é ser chamado “à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1Co
1.9).
2.
A união com o Pai e com o Espírito Santo.
Esse último versículo sugere um aspecto final da união com Cristo. Como
estamos em união com Cristo nessas várias relações, também somos levados à
união com o Pai e com o Espírito Santo. Estamos no Pai (Jo 17.21; 1Ts 1.1; 2Ts 1.1; 1Jo 2.24; 4.15-16;
5.20) e no Espírito Santo (Rm 8.9; 1Co 3.16; 6.19; 2Tm 1.14). O Pai está em nós (Jo 14.23) e o Espírito Santo está em nós (Rm 8.9-11). Somos semelhantes ao Pai (Mt 5.44-45, 48; Ef 4.32; Cl 3.10; 1Pe 1.15-16) e semelhantes ao Espírito Santo (Rm 8.4-6; Gl 5.22-23; Jo 16.13). Temos comunhão com o Pai (1Jo 1.3; Mt 6.9; 2Co 6.16-18) e com o Espírito Santo (Rm 8.16; At 15.28; 2Co 13.14; Ef 4.30).
Não estamos só na caminhada, temos um auxilio divino, auxilio Eterno, Deus
está entre nós, Deus está dentro de nós.
Fonte: Wayne Grudem .
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